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2011 foi um excelente ano para o Prémio Orange: A Ponte Invisível, de Julie Orringer é um dos melhores livros que li este ano e nem chegou aos 6 finalistas (onde encontramos Room, de Emma Donoghue). Por isso, tenho mesmo de ler a obra vencedora desse ano: THE TIGER’S WIFE, de Tea Obreht.
Paris, 1937. Andras Lévi, estudante de arquitetura, chega de Budapeste com uma bolsa de estudo, uma única mala e uma carta misteriosa que prometeu entregar a Claire Morgenstern, uma jovem viúva que vive na cidade. Quando Andras conhece Claire, fica preso na sua vida secreta e extraordinária. Ao mesmo tempo, a tragédia começa a assolar a Europa, colocando-os num estado de terrível incerteza. De uma remota aldeia húngara às óperas grandiosas de Budapeste e Paris, do desespero do inverno nos Cárpatos a uma vida inimaginável em campos de trabalhos forçados, A Ponte Invisível narra a história de um casamento que sobrevive ao desastre e de uma família ameaçada de aniquilação e unida pelo amor e pela história.
Apaixonei-me por estas personagens. Foi fácil porque são quase perfeitas, quando enfrentam a adversidades mais banais e os horrores da guerra.
O que não é dito na sinopse é que Andras é judeu e como imaginarão, isso é um facto bastante relevante no advento da 2ª Grande Guerra Mundial.
São quase perfeitas. Uma das críticas frequentes, nos romances (e neste em particular) é que temos personagens perfeitas - filhos perfeitos, irmãos perfeitos, maridos perfeitos, humanos ultra generosos e altruístas, mesmo perante as mais horríveis circunstâncias como a fome, a tortura e a morte.
Será que esta idealização vem do facto de termos uma escritora a narrar factos inspirados na sua vida familiar, ou somos nós que somos cínicos? Não temos provas de extraordinários actos de humanidade e altruísto, durante este período?
É tentador dar excessiva vontade a uma vítima de tamanho crime, como se as suas faltas fossem irrelevantes, no plano maior. Porém, é igualmente tentador achar que não existe complexidade na bondade, agora que gostar de vilões está tão na moda.
Estranha revisão? Lamento, mas este livro arrasou-me, na forma como trata o amor e o ódio. Acima de tudo o medo e a esperança.
Restam ideias soltas, e dias depois de terminar a leitura, as notas sobre a construção de personagens.
1.
Lidos
Queria continuar com o segundo calhamaço que planeava ler este mês - Pensar, Depressa e Devagar - mas continua emprestado a outro/a leitor/a da minha biblioteca. Por cortesia, não reservo, porque isso iria impedir a renovação da outra pessoa.
Por isso, requisitei estes calhamaços:
Armas, Germes e Aço, Jared Diamond - Uma obra de não ficção que há muito queria ler. Vencedor do Prémio Pulitzer (1998), percorre a história da humanidade para "perceber como certos povos conseguiram invadir outros continentes e conquistar ou desalojar os seus habitantes".
O tempo entre costuras, María Duenas - Quando comecei a aprender a costurar, esta capa apareceu numa qualquer estante e por alguma razão, sempre o quis ler. Uma jovem modista tornada espia durante a 2ª GGM, entre Madrid, Tânger e Tetuán? Parece-me um romance perfeito para viajar.
O livro do desassossego, Fernando Pessoa - É daqueles livros que se diz que não é para ler, é para se ir lendo. Até ter o meu exemplar, vou lendo aos poucos esta edição da minha biblioteca.
2.
Entrevistas
Germano Almeida: É publicado em Portugal há 30 anos mas os seus livros vendem pouco mais de 100 exemplares. Este ano o prémio Camões veio dizer que há África para lá de Agualusa e Mia Couto. [Observador]
É preciso relativizar a bajulação. Os leitores dão muita corda aos escritores e eles tornam-se uns bazófias. A única forma de contornar isso é relativizando os elogios. Ou então perguntar: mas gostou porquê? E aí as pessoas não conseguem explicar, porque têm falta de sentido crítico. Faz muita falta ensinar às pessoas o sentido crítico.
Diversas autoras (seguir links)
I Talked to 39 Women Who Write Nonfiction, and Here’s What I’ve Learned [Electric Literature]
3.
Outras leituras
Where Are You? - Joyce Carol Oates [The New Yorker]
Na minha agenda:
1.
Uma das minhas bibliotecas municipais é muito mais tristonha do que aquela em que utilizo diariamente. Raramento lá vou.
Mas estará aberta no dia 1 de Julho, o Dia Mundial das Bibliotecas e acho importante (e muito prazenteiro) participar no dia e abalar-me para lá.
Mais, encontrei o meu "passaporte cultural" que tem ZERO carimbos da biblioteca. Como é isso possível? Já o coloquei na carteira para remediar isso.
2.
Como já havia referido, entro no mês de Julho a terminar livros inacabados, que também são calhamaços:
- A ponte invisível, Julie Orringer;
- Pensar, depressa e devagar, Daniel Kahneman.
3.
Julho é também o mês da 3ª edição do projecto Ler os Nossos, organizado pela Cláudia, A mulher que ama livros.
Como todos os clássicos a votos para o Clássico de julho e agosto - encontro na Feira do livro do Porto são "nossos", a minha tarefa ficou muito facilitada.
Além dos Contos Exemplares, gostaria também de ter tempo para reler e ler, de Camilo Castelo Branco: Amor de Perdição e Amor de Salvação.
Falta saber o que trago da biblioteca.
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