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Juntei estas duas obras porque entram numa categoria que eu chamo (ou li algures?) de "pretenciosos na medida certa".
Ouvi ambos em audilivro na Everland (ex-Scribd), que se tornou um formato predominante para consumir livros em 2023.
The librarianist de Patrick deWitt é Bob Comet, um bibliotecário aposentado e solitário de 70 anos em Portland.
Um dia, ele ajuda alguém a voltar para o lar de idosos onde mora e é convidado a ler para os seus residentes na capacidade de voluntário.
É uma obra que se constroi com a construção da personagem, num ritmo lento de um introvertido.
Irá seguramente agradar aos fãs de Stoner, de John Williams.
Big Swiss: A Novel de Jen Beagin foi uma escolha aleatória, de uma lista de recomendações e escolhi-o porque era referenciado como divertido e eu precisava de divertimento. Não me arrependi.
O romance segue Greta, uma mulher de 45 anos que se mudou recentemente para Hudson e mora numa casa deteriorada com sua amiga Sabine. Greta consegue trabalho a transcrever sessões de terapia para uma terapeuta sexual local chamada Om.
Uma das clientes de Om, a quem Greta se refere como "Big Swiss" devido à sua altura e origens suíças, é uma ginecologista de 28 anos que nunca teve um orgasmo. Embora tenha sido espancada quase até a morte anos atrás, Big Swiss recusa-se a deixar-se definir pelo seu trauma, o que fascina Greta.
Um dia, no parque para cães, Greta conhece Big Swiss, cujo verdadeiro nome é Flavia. As duas decidem se tornar "amigas do parque para cães", uma relação que rapidamente se torna sexual, apesar de Flavia ser casada.
É divertido, surpreendente e tem trauma suficiente para lhe dar a glosa de arte literária.
A incrível capa de Big Swiss é um quadro - Falling Woman - da surpreendentemente jovem Anna Weyant.
Não sei porquê ou quando começou, mas sempre tive um fascínio especial por D. Pedro V, o rei romântico que morreu com apenas 24 anos.
"com um temperamento observador, grave, desde criança [...] mandou pôr à porta do seu palácio uma caixa verde, cuja chave guardava, para que o seu povo pudesse falar-lhe com franqueza, queixar-se [...] O povo começava a amar a bondade e a justiça de um rei tão triste [...]".
Penso que na minha memória dos tempos de escola, em que os reis eram os reis da disciplina de história, ter-me-ão deixado com a visão de um rei jovem e altruísta que percorria os hospitais durante as pandemias, a tratar dos doentes.
Por isso, sempre tive a biografia de D. Pedro V, por Ruben A., na minha lista de livros a ler. Porém, quis o catálogo da minha biblioteca municipal que fosse a bibliografia de Maria Filomena Mónica, a primeira a ler.
Maria Filomena Mónica não desilude. A biografia é equilibrada e resiste muito bem à tentação de tornar este rei uma personagem unidimensional, "o Esperançoso" e "o Muito Amado".
O que descobrimos é um perfeccionista tirânico, que defende os princípios democráticos, mas achando que era o único que resolveria os problemas de Portugal.
É também uma biografia que contextualiza muito bem as guerras e quezílias do liberalismo, com personagens como Sá da Bandeira, Passos Manuel, Costa Cabral (um excelente exercício para a malta do norte perceber quem eram as pessoas que deram nome às ruas).
Da autora, quero ler:
Os Pobres de Maria Filomena Mónica - Livro - WOOK
Os Ricos de Maria Filomena Mónica - Livro - WOOK
Uma Estranha Amizade de Maria Filomena Mónica - Livro - WOOK (ou não fosse eu uma fã das Farpas)
At exactly fifteen minutes past eight in the morning on August 6, 1945, Japanese time, at the moment when the atomic bomb flashed above Hiroshima, Miss Toshiko Sasaki, a clerk in the personnel department of the East Asia Tin Works, had just sat down at her place in the plant office and was turning her head to speak to the girl at the next desk.
Tomei conhecimento de Hiroshima, de John Hersey num dos episódios (nº7, 26 dez. 2021) de Volta ao Mundo em Cem Livros, da autoria e apresentação de Alexandra Lucas Coelho, que já vai quase em 100 episódios.
Inicialmente, seria uma série de artigos para o The New Yorker, mas rapidamente perceberam o que tinham em mãos, porque o publicaram num número especial e depois em livro. Segundo li, nunca saiu de publicação e já vendeu mais de 3 milhões de cópias.
John Hersey reune o testemunho de seis vítimas do ataque por bomba atómica a Hiroshima. Mas fa-lo num formato que estava a emergir: novo jornalismo.
O termo "novo jornalismo" refere-se a um estilo de reportagem que surgiu nas décadas de 1960 e 1970 nos Estados Unidos, destacando-se por abordagens mais literárias, narrativas e subjetivas em comparação com o jornalismo tradicional. Esse movimento representou uma mudança significativa na forma como as histórias eram contadas e como os jornalistas se envolviam com o material.
Contendo uma descrição detalhada dos efeitos da bomba, descrevendo as horripilantes consequências da bomba atómica: "pessoas com globos oculares derretidos, ou pessoas vaporizadas, deixando apenas suas sombras gravadas nas paredes".
Quando voltamos a ouvir os ecos dos receios ligados à utilização de bombas atómicas, "Hiroshima" de John Hersey mantém sua atualidade, como a voz das vítimas e a memória da devastação.
80 mil mortos num dia
145 mil mortos no final de 1945
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