O meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos foi o livro escolhido para a leitura conjunta do Clube dos Clássicos Vivos.
Escrito em 12 dias, é um romance infanto-juvenil autobiográfico do autor e, recentemente completou 50 anos da sua primeira publicação.
Zezé tem 5 anos e é uma criança tão precoce como pobre. Para sobreviver à dureza da sua condição e das agressões de que é alvo, vive num mundo imaginário em que tem por amigo um pé de laranja lima.
É um livro com uma carga emocional fortíssima. José Mauro de Vasconcelos atira-nos entre a avassaladora ternura, a crueza da violência e o demolidor sentimento de perda. É impossível ficar indiferente e eu fiquei lavada em lágrimas.
Meditar longamente sobre as fraquezas literárias de há vinte anos, tentar remendar uma obra defeituosa para lhe dar uma perfeição que ela não tinha quando da sua primitia execução, passar a idade madura a tentar remediar pecados artísticos cometidos e legados por essa pessoa diferente que cada um é na sua juventude, tudo isto, certamente é vão e fútil. - Aldous Huxley, 1946
Publicado em 1932, o Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley descreve uma sociedade futura (+600 anos) composta por uma sociedade por castas em que todos são felizes porque fazem aquilo, para o qual foram condicionados a gostar, desde o berço.
Aliás, Aldous Huxley previu a manipulação genética, numa verdadeira "fábrica" de gerar crianças, cada uma formatada para o papel que deverá desempenhar na sociedade, onde palavras como mãe e pai são abjectas e a poligamia e promiscuidade sexuais são encorajadas desde a infancia.
Nesta sociedade todos são "felizes", graças à toma de "soma", uma droga que afasta toda a tristeza. A cultura não existe e todos pregam ao deus do consumismo - Ford.
À margem da vivência societária "perfeita", vivem alguns indígenas, numa reserva que não é mais que um zoológico das castas superiores, em que as pessoas continuam a viver em família e tribos.
Entre eles encontra-se um jovem estranhamente educado, que irá ser apresentado à sociedade, como uma espécie de curiosa mascote. A sua paixão são as palavras de um livro, nada mais que uma colectânea de Shakespeare.
Porém, a sua experiência neste mundo "superior" não será das melhores.
Vendo bem, parece que a Utopia está mais próxima de nós do que se poderia imaginar há apenas 15 anos. Nessa época coloquei-a à distância de seiscentos anos. Hoje parece praticamente possível que esse horror se abata sobre nós dentro de um século. Isto se nos abstivermos, até lá, de nos fazermos explodir aos bocadinhos.- Aldous Huxley, 1946
Eu adorei reler o Admirável Mundo Novo, com o Clube dos Clássicos Vivos, apesar do atraso. Até porque já almejava uma releitura que precedesse o Regresso ao Admirável Mundo Novo.
Gostei igualmente que a nova edição que li, tivesse uma introdução que o escritor escreveu em 1946, mais de 10 anos da 1ª publicação do livro e depois de uma 2ª Grande Guerra Mundial.
Com efeito, pensar neste livro antes do fascismo nazi, é surreal. E ver os acontecimentos históricos a desenrolarem-se deve ter sido uma vivência muito particular para A. Huxley.
Com ou sem regresso, este livro é inquestionavelmente um clássico a ler. A construção "do mundo" é fantástica e nem concordo com o autor (em 1946), que desejaria que o final tivesse sido diferente.
Tive curiosidade (não deveria fazer isto) em ir espreitar ao blog, para perceber há quanto tempo o tinha na TBR: desde 2015.
Porquê agora? Porque é a autora do Clube dos Clássicos Vivos de Setembro/Outubro e eu não resisti a espreitá-la. Está visto, sou uma Cristina vai com todas...
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