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Uma cidade galvanizada por uma corrente de comum amor. É um deslumbramento! A amada é a libérrima Maia. Os trabalhadores requisitaram-na aos prados para a empregarem no barro austero da sua Madona. Mas hoje a modesta Mãe dos obreiros despe a túnica de estamenha e, esplendidamente nua, regressa aos ímpetos silvestres da sua juventude. Em desatada alegria o povo liberto a celebra. Uma gigantesta manifestação rompe da Alameda Afonso Henriques e, num só passo de dança, pelas ruas em festa a conduz com seu pífaro bêbado ao Estádio agora chamado 1º de Maio. (...)
Um só sentimento religa a multidão. Funde a pluralidade ideológica expressa na diversidade dos dísticos. Uma única e exaltante vivência: liberdade.
Da boca da minha mãe sempre ouvi o mesmo. No Porto, o 25 de Abril foi mais um momento de apreensão, que um grito de libertação, pelo menos para a generalidade das pessoas.
Nesse dia chegou ao trabalho e o patrão mandou todas as funcionárias para casa, porque estaria a decorrer um golpe de Estado e temia pela segurança das dezenas de mulheres, que agora se encontravam demasiado próximas do edifício da Rua do Heroísmo (Porto), onde funcionava a delegação da PIDE/DGS, agora Museu Militar do Porto.
Por isso, no Porto, a festa do 25 de Abril fez-se no dia 1 de Maio.
Mas o 1º de Maio... isso é que foi uma festa como nunca vi. Um mar de gente, uma celebração como nunca se viu...
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