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Se, há um ou dois anos me falassem das 50 sombras de Grey, eu iria rir-me (mais ou menos discretamente), mandar uma ou duas piadas e recomendar à minha interlocutora (não conheço nenhum homem que o tenha lido) melhores leituras.
Confesso que, volvidos dois anos não acho tanta piada a esta necessidade generalizada de denegrir as opções literárias de outras pessoas, seja um título em particular ou um género. Na verdade, é a generalização tão socialmente aceite que deixou de ter piada.
Eu li as 50 sombras de Grey há cerca de 3 ou 4 meses e não gostei. Achei o livro muito pobre e por vezes até bastante tontinho. Também não gostei das personagens. Quando o afirmei (atacando o género), reencaminharam-me para o Captivated by You (Sylvia Day) que era muito melhor. A lição que me queriam dar é: há bom e maus em todos os géneros literários.
As 50 sombras de Grey resultaram num aumento de vendas só igualável à saga Harry Potter. Foram uma lufada de ar fresco para pequenas e grandes livrarias. Todos os trabalhadores da editora receberam, nesse ano, um bónus de 5000 dólares. Podemos não gostar do livro, mas o efeito 50 sombras de Grey merece ser respeitado.
Poderia discutir-se que é melhor não ler que ler má literatura. Eu discordo. Eu acredito na potencialidade de um livro criar leitores. Eu acredito que todas/os temos o direito a obter prazer dos livros, sejam eles bons ou maus.
E agora poderia discorrer sobre a potencialidade de um 50 sombras de Grey levar a um A Sport And A Pastime de James Salter, mas aí teria de voltar a lembrar os 2º, 3º e 5º parágrafos.
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