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Eu não me canso de recomendar as publicações da Fundação Francisco Manuel dos Santos. São realmente um ponto brilhante da não ficção portuguesa.
Jénifer, ou a Princesa da França - Joel Neto é um retrato da pobreza dos Açores, longe dos cartazes turísticos de paisagens verdes.
Jénifer é uma criança em busca de uma saída e Joel um homem em busca de uma história. O encontro entre os dois dá-se num bairro social dos Açores, a região mais pobre de Portugal, terreno fértil para o abuso sexual e o incesto, o alcoolismo e a violência doméstica, a exclusão social, o tráfico de droga, o insucesso escolar, a pobreza persistente ou o suicídio jovem, entre tantos outros sinais de subdesenvolvimento humano. Em fundo, uma pergunta: como poderá Jénifer transcender a miserável condição dos pais? Ela tem um plano.
Eu quase morri de susto, ao ler ‘Jénifer, Ou a Princesa da França’, pensando tratar-se de um trabalho de não ficção, relatando uma situação real. O autor realmente escreveu isso sobre duas menores?
Uma pequena pesquisa revelou-me que o autor intitulou o seu trabalho de "reportagem de ficção, invertendo a premissa de Truman Capote", reflectindo um dos maiores problemas da região: pobreza e as suas ramificações.
A história de Jénifer prende-nos da primeira à última página. Não tenho dúvida alguma que a crueza desta vida ficcional seja a realidade de milhares de crianças, numa região do país em que mais de 20% dos seus habitantes vivem em risco de pobreza.
Inequivocamente, mais um grande título para as publicações da Fundação Francisco Manuel dos Santos.
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