Orlando - Virginia Wolf
Mas o pior estava para vir. Porque quando a doença de leitura toma conta do organismo, a tal ponto o debilita que o torna presa fácil desse outro flagelo que mora no tinteiro e supura na perna. O infeliz dedica-se à escrita.
Virginia Wolf era uma autora que me causava "medo". Uma das autoras que idealizava como "difíceis" e demasiado "eruditas" para o meu pobre intelecto.
Provavelmente a minha leitura não terá apreendido todas as camadas de Orlando, mas as minhas limitações não me impediram de ter imenso prazer em ler este livro, em ler outras outras de Virginia Wolf e de considerar um dos melhores livros que já li.
Orlando é um jovem nobre inglês com considerável fortuna e beleza ("Feliz mãe que gera, mais feliz ainda o biografo que narra a vida de tal criatura!). Mas não era só formosura. Orlando é um intelectual e um poeta, desde tenra idade. E era "um tanto ao quanto desastrado".
O biógrafo de Orlando está em permanente diálogo com a leitora e relata a vida deste durante 4 séculos, da corte de Isabel I até ao "presente" de Virginia Wolf, o ano de 1928.
Como deverão imaginar, 400 anos de vida têm muito para contar, mas não posso deixar de partilhar um pequeno acontecimento que trazer à história de Orlando um contorno bastante interessante: às tantas, acordou mulher.
pois cada indivíduo poderá multiplicar, a partir da sua experiência pessoal, os diversos compromissos que os seus diversos eus estabeleceram consigo
No fundo, a Orlando não é muito diferente de mim (ou vós). Tenta navegar os dias, da melhor forma que sabe, com optimismo e bom humor (Virginia Wolf tem um excelente sentido de humor).
Sei que, em Orlando, encontrei uma obra de excelência, mas também uma voz que me vejo a revisitar. Se ainda não leram, recomendo vivamente.