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Clara Pinto Correia foi a autora que escolhi para assinalar o Dia do Livro Português e não poderia ter feito melhor escolha.
O livro de não ficção leva-nos pela história da reprodução, por conceitos, experiências e livros científicos desde os primórdios dos tempos.
A embriologia é um tema verdadeiramente fascinante, desde a sua associação aos dogmas religiosos até ao advento da ciência, pelas mãos de personagens tão improváveis como Cleópatra ou Da Vinci.
Como imaginarão, há o caricato - se o Adão foi criado por Deus, seguramente não tem umbigo - ao aterrorizador, se pensarmos que, as teorias das calamidades provocadas pelo sangue menstrual, ainda são motivo para matar mulheres, nos dias de hoje.
Mas para evidenciar o quanto este livro foi um banho de cultura geral, pego num pequeno exemplo com ligações literárias.
O Talmud afirma que o embrião passa por seis fases até nascer, mostrando-nos que a ideia aristotélica e escolástica da sucessão das almas também não é uma prerrogativa única do pensamento ocidental. Na primeira fase, que dura durante o primeiro mês e meio e em que o embrião não passa de uma massa informe, estaríamos perante o chamado GOLEM (...)
E não faltam outros exemplos, como referências nas obras de Fausto e até Samuel Becket.
No que respeita à estrutura, na não ficção, a concentração num tópico muito específico, é das abordagens que mais gosto.
A Clara Pinto Correia entra assim, na lista de comunicadoras de ciência, que desejo ler.
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