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Preocupa-me o consumo acéfalo de livros pseudo-inspiradores que dão voz aos queridos da extrema direita como Jordan B. Peterson e o seu "12 regras para a vida".

“The idea that women were oppressed throughout history is an appalling theory.” Islamophobia is “a word created by fascists and used by cowards to manipulate morons”. White privilege is “a Marxist lie”. Believing that gender identity is subjective is “as bad as claiming that the world is flat”. The Guardian

 

Mas não só, também dos que defendem que dormir 8 horas é coisa para preguiçosos que não se disciplinam a dormir apenas 5, ou que só é pobre quem não se esforça para enriquecer.

 

Esta mentalidade que nega a desigualdade estrutural e nega a existência de privilégios é extremamente perigosa, porque coloca todos os que têm menos como os únicos culpados pela sua situação e pretende apagar a responsabilidade de todos os outros e, em última análise, do Estado.

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21 comentários

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sweet a 04.03.2019

Tal e qual. Essa da quantidade de horas a dormir é uma piada. Lembro-me de há uns tempos para cá ter visto um artigo que defendia que as pessoas mais bem-sucedidas acordam às quatro da manhã. Pensei cá para mim que se algum dia eu fizesse isso, tinha de me deitar às seis da tarde
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Cristina a 05.03.2019

Sweet, a questão é que esse livro provavelmente fala de uma realidade muito diferente da nossa que é os EUA em que eles têm horários muito distintos. Deitam-se muito mais cedo que nós e também se levantam mais cedo. Há muitos estados em que as escolas começam às a partir das 7h30. Jantam a partir das 18h00. Um período em que estive a trabalhar com uma pessoa dos EUA, o que mais lo chateava é que não conseguia arranjar restaurantes para jantar - porque jantava às 18h30.

Eu quando uso a rotina de me levantar às 6h30, às 21h00 já estou na cama para ler um bocadinho antes de dormir. Eu deito-me MUITO cedo, para isso.

Sinceramente, não sou do género do "bota abaixo", o que resultar para cada um, óptimo. Mas fazer a apologia de algo que é prejudicial para a saúde, como tem sido o alerta sistemático da comunidade científica, é que não.
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Ricardo_A a 05.03.2019

Eu fui muitas vezes em trabalho à Suécia. Era um drama para jantar a horas "normais" naquela terra. Uma vez chegámos a um restaurante às 20:30 e já não nos aceitaram. O limite era às 20:00.
É impressionante passar pelos restaurantes e ver que estão cheios por volta das 18:30.
E, sim, começavam muito mais cedo, geralmente 7.00/7.30 e saiam às 15.00/15.30 (e o almoço era uma coisa rápida, tipo sandes, ou levavam de casa e comiam à secretária).

Eu levanto-me três vezes por semana às 5.30 para ir correr com amigos. Mas quem corre por gosto, como diz o ditado.... deito-me é cedo, tipo 22:00 no dia anterior.
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Cristina a 05.03.2019

Sim, os nórdicos têm habitos muito distintos no que respeita a horários. Tinha uma colega que também esteve lá e ela teve alguma dificuldade em ajustar-se novamente aos nossos mega almoços. ;)
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Rita a 06.03.2019

Exactamente! Muitas vezes as pessoas esquecem-se que o que pode fazer sentido para uma cultura não faz qualquer sentido para outra porque são realidades pura e simplesmente diferentes.
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Cristina a 06.03.2019

Precisamente. Por isso a importação literal de conceitos não faz sentido. Agora, se me disserem que é um livro que pretende sensibilizar as pessoas para acordarem mais cedo, mas terem uma boa higiene de sono, que vai de encontro com as recomendações médicas, então é um hábito perfeitamente defensável como qualquer outro.
O meu problema não é acordar às 5h00, é acordar às 5h00 e deitar-se às 00h00 ou coisa que tal.
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Ricardo_A a 05.03.2019

Estava convencido que este Peterson era liberal e não de extrema direita. Pelo menos tinha ficado com essa ideia de uma notícia que li, penso que no Observador, quando esteve recentemente em Portugal.

Eu sou um bocado crítico dos livros de auto-ajuda. Não sei se ajudaram mesmo as pessoas, a não ser os autores a enriquecer.
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Ricardo_A a 05.03.2019

ajudarão e não ajudaram
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Cristina a 05.03.2019

Pois, é liberal, no sentido de se opor ao Estado Social. E achar que o Estado não deve apoiar os mais desfavorecidos, que não existe privilégio da raça branca e que a opressão das mulheres na história é ficção.
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Ricardo_A a 05.03.2019

OK. Não conheço as teses dele. Apenas o associei a liberal (talvez erradamente) daí ter estranhado a associação da Cristina à extrema direita (que é tudo menos liberal, nomeadamente a supremacia total do estado sobre o indivíduo e a desigualdade de tratamento de pessoas, o que é o oposto ao liberalismo). Sobre o Peterson confesso que não sei.
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Cristina a 05.03.2019

Ricardo, estamos a falar da mesma extrema direita que se manifestou pelas ruas com tochas de jardim. Está a dar-lhes inteligência que não possuem.
Essa extrema direita adora qualquer pessoa que seja anti-pobres, anti-imigração, que diga que o racismo não existe e que as mulheres não são desfavorecidas em estruturas sociais. Acha mesmo que eles sabem o que é o liberalismo?
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Ricardo_A a 05.03.2019

Bem, mas então o Peterson não é um liberal.
Porque um liberal não é anti-pobre, não é anti-emigração, não é pro-racismo, é pela igualdade entre pessoas independentemente do género, é pela igualdade de oportunidades, etc.
Não conheço as ideias, mas se o Peterson defende isso tudo que a Cristina descreve, então não há qualquer dúvida de que não é um liberal. Poderá ser de extrema direita, mas não um liberal.

Infelizmente há muito a tendência de associar um liberal a alguém de direita, o que é incorrecto. Um liberal até pode aceitar um estado grande, desde que o cidadão tenha ampla liberdade de escolha nos serviços pagos pelo estado (isso acontece nos nórdicos - estado grande mas muitos providers publicos e privados). Um liberal, por bizarro que pareça, pode inclusivamente estar ao lado de um partido como o bloco de esquerda no que toca a liberdade de costumes (eutanásia, etc.). Ou seja o posicionamento direita/esquerda não faz grande sentido para um liberal.
É pior ainda se o liberal for associado à extrema direita que é completamente anti-liberdade.

Ainda hoje me rio quando me lembro quando o pessoal chamava neoliberal ao Passos Coelho. É anedótico. Até bancos salvaram com impostos brutais cobrados aos cidadãos. Como é que isto é um liberal ?
Enfim, isto é um tema que dava pano para mangas. Agora espicaçou-me a curiosidade para ir conhecer esta personagem.
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Sara a 06.03.2019

Desculpem a intromissão, mas de que adianta discutir teoria política quando estamos a falar de um sujeito como este? Eu sei perfeitamente a que grupo pertence: ao dos chalupas potencialmente perigosos. Qualquer exercício no sentido de escavar nas teses deles, de debatê-las ou de como a Cristina disse atribuir-lhes alguma inteligência é perda de tempo. São anti-humanos e só merecem o nosso dedo do meio.
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Ricardo_A a 06.03.2019

Sara, ignorar fenómenos, não lhes atribuindo inteligência ou importância, não faz com que desapareçam (até porque tornam-se fenómenos precisamente porque são muito inteligentes a manipular opiniões). Foi assim que o Hitler e muitos outros lá chegaram. Porque as pessoas ignoraram ou toleraram.
Há ideias que devem ser combatidas e não é esticando o dedo do meio que lá se chega. Eu, pelo menos, não me fico quando vejo alguém, que já passou de um simples chalupa isolado, propagar algo com que não concordo.

A conversa com a Cristina alongou-se mas por uma questão de conceitos. Eu pensei que o senhor era liberal (tinha ficado com essa impressão) e o comentário sobre a extrema direita da Cristina é que me fez soar a campainha. Liberal não é de certeza porque liberal e extrema direita são o oposto. O erro de percepção foi meu. Na altura não dei grande relevo à notícia, nem sabia sequer que era conhecido ao ponto de já ter um livro traduzido em Português.
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Cristina a 06.03.2019

Eu concordo com o Ricardo, confesso. Temos de falar e expor esta gentalha, da mesma maneira que a Sandra não cala verdades desagradáveis no blog.
Mais, é muito provável que haja quem compre estes autores por pura ignorância (credo... quase que o pura ia com "t"). Por isso, é importante que quem sabe, o denuncie.
E não lhes posso dar o dedo do meio. Faz-me falta! :)
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Cristina a 06.03.2019

Eles são pseudo-liberais. Querem que o estado não apoie a sociedade porque são ricos e não querem pagar impostos. Depois, para justificar a sua posição, argumentam que as desigualdades não existem, logo o Estado não tem de ser Social/Providência.

Eu confesso que cheguei à personagem por causa de uma notícia relacionada com a filha, que defendia que uma dieta só de carne curava a depressão. Mais, que vendia produtos e aconselhamento, sem qualquer credencial. E quem vem em defesa da filha e do negócio? O papá que é psicólogo.
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Sara a 06.03.2019

Mas eu não falei em não combater, muito menos tolerar ou ignorar! Isso seria incongruente com o facto de ter um blog feminista...Simplesmente disse que estamos a atribuir demasiado inteligência a uma criatura ignorante - não é o mesmo que dizer que não é gente perigosa. Boa parte destas pessoas parte do principio que tem direito a expor estas opiniões [não são opiniões] em todo o que é sítio da net à boca cheia - não preciso de ir lá a esses sítios ler o que escrevem e dar-lhes ainda mais espaço de antena debatendo com elas. Não é uma questão de a pessoa se ficar perante algo cretino, é um gasto de energia mental. Podemos debater sobre o que fazer para evitar o alastre destas ideias, isso é produtivo. Em relação ao dedo - é precisamente o contrário de se ficar passivo, é mostrar a nossa posição colocando essas pessoas no seu devido lugar. O que foi a marcha das mulheres (um exemplo) se não um grande e colectivo dedo espetado?
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Cristina a 06.03.2019

Pegando na marca das mulheres, há dois episódios fantásticos do podcast Call Your Girlfriend. Um com a Gloria Steinem e outro sobre as discussões internas, no grupo organizador da marcha, sobre diversidade no feminismo, que no fundo é sobre o feminismo. Recomendo vivamente (para passarmos a conversa para pessoas mais interessantes que aquele Petersen)
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Sara a 06.03.2019

Agora lembrei-me que tenho autobiografia da Gloria em espera, esse podcast não conheço...Tenho de investigar. Sim, sem dúvida um tema muito mais interessante. Acho esses debates sobre a diversidade no feminismo importantes para a continuidade dos movimentos, precisamos de ser cada vez mais inclusivas.
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Cristina a 07.03.2019

Há 3 podcasts que recomendo de olhos fechados:
- Call Your Girlfriend (https://www.callyourgirlfriend.com)
- Still processing (https://www.nytimes.com/column/still-processing-podcast)
- The Europeans (https://europeanspodcast.com)
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Sara a 07.03.2019

Obrigada pelas sugestões!

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