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Pierre Picaud foi um sapateiro do século XIX, de Nimes, que pode ter sido a base do personagem de Edmond Dantès do romance O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, pai. 


Em 1807, Picaud  esta noivo de uma mulher rica, mas três amigos ciumentos - Loupian, Solari e Chaubart - falsamente o acusaram de ser um espião para a Inglaterra (um quarto amigo, Allut, sabia de sua conspiração, mas não relatou isso). Ele foi preso na fortaleza de Fenestrelle por sete anos, sem saber porquê, até o segundo ano lá.


Durante sua prisão, ele fez uma pequena passagem para uma cela vizinha e fez amizade com um rico sacerdote italiano chamado Padre Torri, que estava preso lá.


Um ano depois, um Torri moribundo legou a Picaud um tesouro que ele havia escondido em Milão.


Quando Picaud foi libertado, após a queda do governo imperial em 1814, ele tomou posse do tesouro, retornou sob outro nome a Paris e passou 10 anos vingando-se dos seus ex-amigos.


Picaud primeiro assassinou ou mandou matar Chaubart.  


A ex-noiva de Picaud, dois anos depois do seu desaparecimento, casou com seu ex amigo Loupian, que foi sujeito à sua mais brutal vingança.


 Picaud enganou a filha de Loupian a se casar com um criminoso, a quem ele então fez com que fosse preso. A filha de Loupian morreu prontamente de choque. 


Picaud então queimou (ou mandou queimar) o restaurante do Loupian, deixando Loupian  empobrecido.


Em seguida, ele envenenou Solari até a morte e manipulou o filho de Loupian no roubo de jóias de ouro (ou o levou a cometer o crime). O rapaz foi enviado para a prisão, e Picaud esfaqueou o Loupian até a morte. 


Ele também sequestrou Allut e mortou-o.


 


A confissão do leito de morte de Allut constitui a maior parte dos registros policiais franceses do caso. A descrição detalhada das experiências de Picaud na prisão, que não poderia ter sido conhecida por Allut, foi supostamente ditada pelo fantasma do padre Torri. 


 



Nunca mais pensarei no O conde de Monte Cristo, como um relato inverosímel de uma vingança. Na verdade, acho que a proximidade entre a realidade e a ficção o coloca entre as obras "baseadas em factos reais", muito ao jeito do "true crime", tão em voga.


 


 


A história foi inicialmente publicada no Le Diamant et la Vengeance in Mémoires tirés des Archives de la Police de Paris (1838), de Jacques Peuchet. 

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