Jane Eyre - Charlotte Bronte
Um dos meus clássicos preferidos que se prende sempre a leituras diferentes, consoante o momento da vida em que o leio. Para mim, essa apropriação contínua é precisamente uma das marcas de grandes obras.
Já a Bárbara, não achou muita piada e faz uma leitura completamente diferente que eu faço. E viva a diversidade. Até hoje tenho de me explicar porque não gosto particularmente do Monte dos Ventos Uivantes.
Jane Eyre é uma belíssima história de amor, mas é também uma forte crítica social, em especial a instituições como o Lowood, tão comuns na época e que eram verdadeiros antros de fome, maus tratos e de morte para crianças indigentes. Destaco os primeiros capítulos por serem, para mim, os mais marcantes.
A vida da pequena Jane, o abandono emocional em que se encontra, mesmo numa casa farta é desolador. Charlotte Bronte consegue tornar a solidão algo de palpável que atravessa toda a obra e à qual é impossível ficar-se imune.
É precisamente com a partida de alguém que era a sua referência em Lowood, onde se havia tornado preceptora, que a jovem Jane decide também partir em busca de outros mundos, para além dos muros da instituição onde havia passado metade da sua vida. E é assim que chega a Thornfield Hall, um solar/castelo do nobre Sr. Rochester, que se irá tornar o interesse amoroso da jovem Jane. É também aqui que vamos encontrar todos os elementos dos romances góticos da época - castelos, nevoeiro, fantasmas, premonições, telepatia...
Charlotte Bronte, com a sua Jane, contraria as convenções da época - Jane é forte, decidida, moralmente coerente e independente. Não admira por isso que tenha optado por publicar a obra sob um pseudónimo masculino.
Mas como diria a Sara: Ah mas a Jane Eyre podia ter sido escrita por um homem?
Não foi a primeira e não será a última vez que irei ler Jane Eyre, é dos poucos livros que releio com alguma frequência. Há livros assim.