Homicídio conjugal
Ora a conclusão da questão era estranha: tratava-se de decidir, a sangue-frio, com argumentos e boa gramática - se os maridos deviam matar suas mulheres.
O Sr. Dumas tinha dito com o charuto na boca, folheando a Bíblia - mata-a!
Outros, fechando a navalha no bolso, diziam generosamente: não a mates.
Alguns vaudevillistas ensinavam entre um bock e uma pilhéria - vai-a matando sempre!
E outros acrescentavam, expondo que era necessário estudar mais a questão e consultar dicionários: por ora não a mates!
E no entanto, de faca na mão, os maridos esperam.
Eça de Queiróz - Uma campanha alegre, 1890