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My Books News

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Dez pequenos livros por grandes escritoras

29.06.19

O Sapo recomenda "dez grandes livros" para ler no verão. Todos têm pila.

Asim, aqui fica a minha sugestão, para dez (pequenos) grandes livros, todos com menos de 200 páginas, por grandes escritoras.

 

E farei como o autor do artigo e também não apresentarei grandes clássicos, sempre eternos, como Mrs. Dalloway de Virginia Wolf, O despertar de Kate Chopin, O Amante de Marguerite Duras, Frankenstein de Mary Wollstonecraft Shelley, A Sibila, Agustina Bessa-Luís e Sophia prosa e Sophia poesia, qualquer um da Agatha Christie...

Eu poderia continuar.

 

O que não consegui, por manifesta falta de tempo foi localizar um policial (não clássico) e escolher (de entre os vários lidos) um romance. Com menos de 200 páginas, entenda-se.

Assim, ficaram ambos os géneros fora do lote.

 

 

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Todos Devemos Ser Feministas - Chimamanda Ngozi Adichie

O título explica tudo e até poderá ensinar algumas coisas ao autor do artigo acima mencionado. Um excelente livro de não ficção que já entrou na cultura popular pela voz de Beyonce.

 

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Esse Cabelo, Djaimilia Pereira de Almeida

As experiências de uma jovem negra, entre Portugal e Angola, utilizando como fio condutor o seu cabelo, seja na forma como se relaciona com ele ou como os outros se relacionam com ele.

 

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Pequenos Vigaristas, Gillian Flynn

Poderia escolher outros de Gillian Flynn. Não resisto a ler tudo desta autora, que retrata sempre as mulheres nos antípodas da confiança, perfeição, estabilidade, honestidade, moralidade... E quando sofrem, nunca são as sofridas. 

Um toque de humor negro num ambiente sinistro de uma casa vitoriana.

 

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Ainda aqui estou, Patrícia Carvalho

Um poderoso retrato jornalístico sobre os incêndios de Junho e Outubro de 2017. Conta a história de pessoas que viram as suas vidas mudar completamente com os acontecimentos: os bombeiros, Sílvia Cruz, uma socióloga que criou o grupo Esposende com Pedrogão no Coração, o Sr. Francisco Manuel Ribeiro, cuja foto se tornou um símbolo de um país rural, envelhecido e abandonado, entre outros.

Emocionalmente, foi um assalto aos sentidos. Foi uma leitura difícil que me obrigou a parar frequentemente. Racionalmente, foi uma leitura obrigatória para quem deseja perceber tudo o que correu mal.

 

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Águas Negras, Joyce Carol Oates

O livro começa com uma jovem narradora - Kelly Kelleher - que descreve um acidente num Toyota alugado, conduzido pelo Senador e com esta a perguntar-se: Será que vou morrer? - assim?

É conhecido como o acidente Chappaquiddick, aquele em que Ted Kennedy, o irmão de John F. Kennedy, se despista com o seu carro, numa noite de 1969, resultando na morte da passageira.

O que à primeira vista pareceria uma história banal, tem contornos horríveis. Ted Kennedy, foi absolvido. Continuou a ser eleito como senador até sua morte em 2009.

Com apenas 126 páginas, esta novela foi finalista do Prémio Pulitzer de Ficção em 1993. Uma excelente introdução na obra de Joyce Carol Oates.

 

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A colecção privada de Acácio Nobre - Patrícia Portela

Aquela que Miguel Real chama de "a mais desconcertante das novas escritoras portuguesas". Concordo plenamente. Peguei neste livros por causa da sinopse:

Fui recolhendo, ao longo de 16 anos, cartas, diários, testemunhos, maquetas de jogos e armadilhas de Acácio Nobre (1869?-1974), um construtor de puzzles geométricos visionário no século XIX que uma ditadura silenciou no século XX e (quase) eliminou de uma História que ainda assim influenciou, de forma subtil e anónima, introduzindo uma marca indelével e inevitável nos séculos vindouros, como o nosso.

 

E mais não vos digo, porque o divertido é a descoberta. Mas se gostam de coleccionismo e puzzles, vão adorar este livro porque os textos de Patrícia Portela são sempre imprevisíveis.

 

 

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O Problema de Ser Norte - Filipa Leal

Foi muito difícil escolher uma autora na poesia, nas não resisto a nomear uma das minhas preferidas, por ser tão jovem, por ser portuguesa e por ter uma voz que evidencia de forma tão forte uma geração e os seus problemas.

 

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A Odisseia de Penélope - Margaret Atwood 

Antes de estar na moda reinventar grandes clássicos, já Margaret Atwood publicava A Odisseia de Penélope.

Penélope é prima de Helena de Tróia e esposa inteligente e fiel de Ulisses, por quem espera durante 20 anos, quando este parte para a Guerra de Tróia e enquanto este anda perdido entre deuses e aventuras, nos anos seguintes. É ela que, para evitar ter de casar com um dos pretendentes ao seu reino, cria um artifício, dizendo que escolherá um depois de terminar uma mortalha que tece durante o dia e desfaz durante a noite.

 

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A livraria - Penelope Fitzgerald

Aqui está um género bastante apreciado: livros sobre livros.

Estamos 1959 e Florence é uma viúva com um forte sentimento de independência e empreendedorismo, que decide abrir uma livraria. Mas Penelope Fitzgerald não nos apresenta uma livreira romântica, esta é uma mulher de negócios. 

Quando decidi vender Lolita de Vladimir Nabokov provoca um verdadeiro terramoto na pequena vila.

 

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A vegetariana - Han Kang

Este é o único que não li e que entra aqui precisamente como representante dos fantásticos e maravilhosos livros por autoras, com menos de 200 páginas, que esperam por nós.

 

Porque este? Porque venceu o Man Booker Prize 2016. Viram o que eu fiz aqui?

Este é um livro admirável sobre sexo e violência - erótico, comovente, incrivelmente corajoso e provocador, original e poético.

 

 

A combater a invisibilidade feminina, um post de cada vez.

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2 comentários

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    Cristina 02.07.2019

    Essa questão da tradução do "A vegetariana" é absolutamente fascinante. Lembro-me de ter lido imenso sobre o tema e pensar que seria fascinante que a autora, passando a compreender/escrever em inglês, um dia fizesse a sua própria tradução.
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