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Não precisei de muito tempo para devorar aquele livro cuja história julgava conhecer. Se os filmes são preto e branco, a obra de Alexandre Dumas é um arco-íris de personagens, contexto histórico, retrato social e perfil psicológico. Entre uma história de vingança, Alexandre Dumas vai fazer-nos navegar entre a justiça e os danos colaterais desta.
Ao contrário daquele que o inspirou, Dantès não se limitou a matar quem o traiu, levou-os, à auto-destruição. Um a um, foram cavando a própria sepultura, pese embora algumas oportunidades de redenção que vão tendo.
É uma obra magnífica.
Se o primeiro foi devorado, este necessitou de tempo para a digestão.
É um livro de ensaios brutais sobre as camadas da dor e empatia, desde o mais pessoal (como um aborto, a auto.mutilação ou a anorexia) a algo tão supreendente como ultramaratonas e sobre ultramaratonistas que acabam presos por questões fiscais. Tudo, metáforas para a dor e como a sentimos.
Mas é também sobre o que é ser mulher e como a sociedade nos permite ser mulheres, ou então como nos tentamos encaixar ou fugir dos estereótipos de sentimentalismo.
Já não me recordava de sublinhar tanto um livro. Sei que o irei reler, assim como expandir as leituras paralelas que fui fazendo, porque é um livro que abre portas de entendimento.
Nunca mais deixei de pensar na anorexia como "a inner life... as a sculpture in bone" ou na auto-mutilação como "an attempt to speak and an attempt to learn".
Estes vislumbres sobre a dor alheia, fizeram-me compreender muito melhor algumas realidades. E não será isso a empatia?
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