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o mais «suave e terno romancista português, cronista de afectos puros, paixões simples, prosa limpa»
Júlio Dinis, pseudónimo de Joaquim Coelho, morreu com apenas 31 anos. Apesar disso, este médico do Porto deixou considerável obra, que é considerada na transição entre o romantismo e o realismo literários.
Uma família inglesa está cheia de bondade e personagens tão boas e puras que chegam a ser algo estéreis. Ainda assim, seguimos embalados em toda a bonomia e esperamos que todas as personagens encontrem a felicidade que "merecem". E encontram, e merecem.
Uma Família Inglesa é o primeiro romance de Júlio Dinis, então publicado como folhetim num jornal, o que era comum à época.
A história centra-se no romance entre Carlos Whitestone, um rapaz inteligente mas estouvado, que é mandrião mas "bom rapaz" e Cecília.
Em pleno Carnaval que se celebrava nos teatros portuenses, Carlos fica fascinado com uma jovem mascarada, que mais tarde descobre ser Cecília, uma jovem de 18 anos, melhor amiga da irmã dele - Jenny e filha do guarda-livros do pai - o Sr. Quintino.
Diga-se de passagem que a minha personagem preferida foi mesmo este Manuel Quintino, homem trabalhador, rigoroso e conservador e muito protector da sua muito amada filha.
Põe as mãos à cabeça quando o estouvado filho do patrão aparece no escritório para "fazer que faz", desorganizando o serviço. Ainda assim, é generoso para encobrir as faltas deste, em relação ao patrão.
O que mais apreciei neste livro foi a forma como Júlio Dinis "conversa" com o leitor (a.k.a. leitora) e nos coloca no ambiente social do Porto, em pleno séc. XIX.
Não posso dizer que foi um livro que adorei, ainda assim foi uma obra que me fez querer continuar a ler Júlio Dinis.
O que me sugerem como continuação?
Raúl Cuadrado inspirou-se nas histórias de Isaac Asimov para criar uma BD que sendo interessante, não é brilhante.
Não gostei particularmente da ilustração, que em momentos, seja a ser confusa, chegando mesmo a interferir na fluidez das histórias.
Tenho dezenas de livros pendentes na minha conta NetGalley e o livro de memórias de pais com crianças no espectro do autismo, era um deles.
Aproveitei que o livro estava disponível no Scribd para poder ouvir enquanto bordava ou realizava outras pequenas tarefas.
Audiolivros de memórias e alguns de não ficção, são particularmente bons para isso, a meu ver.
O livro retrata as memórias de um casal, com capítulos alternados de um e outro, conferindo uma perspectiva muito interessante de como ambos vivenciaram, de forma distinta, diferentes momentos das suas vidas.
As memórias destes são focadas num evento que acabaria por ser um factor dominante nessas vidas: o nascimento e crescimento dos seus gémeos diagnosticados com perturbações no espectro do autismo, do doloroso diagnóstico, às dificuldades do dia-a-dia, ao impacto na vida familiar e até na saúde mental dos restantes membros da família.
Tendo uma pessoa com síndrome de Asperger nas minhas relações de proximidade, este livro de memórias foi, para mim, um momento de aprendizagem e consciencialização, não só sobre o autismo, mas mais importante sobre as vivências de quem lida com ele.
Recomendo vivamente.
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