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O dia 1 de Maio não celebra apenas o dia do trabalhador, mas também da literatura brasileira.
Infelizmente, tenho de confessar que os meus conhecimentos de literatura brasileira são muito poucos e quase todos associados a grandes clássicos.
Ainda assim, não posso deixar de recomendar os meus preferidos (até à data).
1. Canal de YouTube
Claire Scorzi, mesmo que se tenha despedido do YouTube há pouco mais de um ano, continua a ser uma referência incontornável de booktubers brasileiras.
A série de vídeos Convite para Ler os Clássicos é absolutamente fantástica e a partir do vídeo VII, há uma excelente série de referências à literatura brasileira.
2. Livro infanto-juvenil
O meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos é absolutamente maravilhoso.
Escrito em 12 dias, é um romance infanto-juvenil autobiográfico do autor e, recentemente completou 50 anos da sua primeira publicação.
Zezé tem 5 anos e é uma criança tão precoce como pobre. Para sobreviver à dureza da sua condição e das agressões de que é alvo, vive num mundo imaginário em que tem por amigo um pé de laranja lima.
É um livro com uma carga emocional fortíssima. José Mauro de Vasconcelos atira-nos entre a avassaladora ternura, a crueza da violência e o demolidor sentimento de perda. É impossível ficar indiferente e eu fiquei lavada em lágrimas.
Ainda não li a sequela - "Vamos aquecer o sol" - mas já fui avisada pela imsilva que deveria ter lenços à mão.
3. Livro impactante
Já li autores como Clarisse Lispector, Jorge Amado, Machado de Assis, Bernardo Guimarães, entre outros.
Todavia, nenhum autor ou obra de literatura brasileira me deixou tão impressionada como o pequeno grande livro O Quinze, de Rachel de Queiróz.
Há livros assim, que nos marcam para sempre, porque nos obrigam a ver o mundo com outros olhos. Isto é educação no verdadeiro sentido da palavra e a razão porque este livro deveria ser lido em todas as escolas e fazer parte de todas as bibliotecas.
O "quinze", do título, refere-se à seca de 1915 que assolou o Ceará brasileiro:
Foram quase três anos seguidos sem chuvas, com perda de plantações, mortes de rebanhos e miséria extrema. A situação foi tão desesperadora, que famílias inteiras se viram obrigadas a migrar para outros estados, promovendo uma onda de imigrações.
A estes deslocados pela seca, foi dado o nome de retirantes e o flagelo foi tal que o governo brasileiro criou "campos de concentração" em que receberiam comida e cuidados primários. Porém a história diz-nos que estes campos tornaram-se simplesmente um local onde a fome, morte e a violência era protegida dos olhos dos mais afortunados.
É este o cenário de O quinze, de Rachel de Queiroz, publicado quando esta tinha apenas 20 anos de idade.
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