Desisti de Permanent Record, a auto-biografia de Edward Snowden. Ainda cheguei a metade do audio-livro de 11 horas, mas a vida é demasiado curta.
O livro é, honestamente, muito aborrecido. Os detalhes e as histórias são muitas vezes redundantes e acabam por não ter, seja um fio condutor, seja uma finalidade, para estarmos a ler aquilo.
Ao autor, falta a capacidade de síntese.
Parece que terei que encontrar outras fontes, para ler sobre os sistemas de vigilância em massa, perpetrados pelos Estados e pelos grandes grupos económicos.
2.
A internet está cheia de pequenos dramas literários.
Destaco Courtney Milan e a discussão sobre o racismo associado à representação fetichisada de mulheres asiáticas e J. K. Rowling sobre os direitos das mulheres transexuais.
3.
Sobre J.K. Rowling, este caso e a forma como tem aditado informações ao universo Harry Potter, a miúdo e ao sabor do momento, lembram-me um fantástico vídeo de Lindsay Ellis, chamado Death of the Author, que recomendo vivamente.
Já agora, Death of the Author é um ensaio de 1967 do crítico literário francês Roland Barthes, sobre incorporar as intenções e o contexto biográfico de um autor na interpretação de um texto.
Neste momento, em que tanto se fala na "cancel culture", é um ensaio incrivelmente pertinente (concordemos, ou não).
4.
Será que posso mandar uma farpazinha ao facto de a lista de preferidos de Barak Obama ter Bernardine Evaristo e não The Testaments?
5.
A mais recente adaptação de LITTLE WOMEN está a receber excelentes críticas.
6.
O Bookriot fez um excelente artigo em que pegou nas "palavra do ano" de 3 dicionários online, para recomendar livros que explicassem esses temas aos mais jovens.
Ter contacto com crianças, é saber o quão difícil é explicar alguns assuntos, de forma adequada às idades, coerente e consistentemente.
Espero que tenham boas entradas em 2020 e vemo-nos em Janeiro.
Decidi rever a minha lista de leituras de 2019 para escolher os meus preferidos em cada mês.
Não necessariamente, os melhores livros, mas aqueles que se destacaram nesse mês, por alguma razão.
Janeiro - Lavínia, Ursula K. Le Guin
Na Eneida de Virgílio e na mitologia romana, Lavínia é a segunda esposa de Eneias, um dos grandes guerreiros troianos, cuja descendência iria ser a génese de Roma. Mas das mulheres não reza a história e por isso Ursula K. Le Guin decidiu desenvolver a personagem, colocando-a em permanente conexão com o poeta Virgílio.
Eu, que nunca li os clássicos gregos ou romanos, aparentemente adoro lê-los recontados.
Um romance histórico com personagens inesquecíveis e diálogos absolutamente fantásticos.
Sophy é uma personagem inesquecível, uma debutante em Londres que viajou pelo mundo com um pai diplomata. Chega à mansão da tia com um macaco, um cavalo apropriado para uma senhora e com um papagaio.
Em Ecologia encontramos um retrato do mundo contemporâneo, num jogo de palavras por vezes estonteante. Senti-me constantemente puxada para situações reais, notícias, contextos actuais. Foi um dos livros mais desafiantes e desconcertantes que li nos últimos anos.
Aqui está um exemplo do porquê de alguns livros se chamarem clássicos. Resistem o teste do tempo, possuem características que os tornam universais e intemporais e por isso voltamos a eles.
Um clássico da literatura brasileira que me levou às lágrimas.
Setembro - Education, Tara Westover [audiolivro]
O Education de Tara Westover foi um fantástico audiolivro. Confesso que quando saiu e li a entrevista da autora, pensei que fosse um livro de memórias banal. À medida que ia lendo e ouvindo mais sobre a qualidade do mesmo, fiquei intrigada e decidi ouvi-lo.
Realmente merece todo o buzz. A escrita é fantástica e a história da jovem que cresceu no seio de uma família disfuncional de norte-americanos à espera do fim do mundo, é verdadeiramente incrível.
De profundis é uma longa carta de Oscar Wilde ao seu amante (Bosie Douglas), quando estava a cumprir uma pena de prisão.
É incrivelmente triste e trágica, e acaba por ser o balanço de vida de uma pessoa, de um artista, de alguém tinha uma consciência do quanto era importante na sua época e do quanto perdeu.
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