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Em 2016 decidi apenas ler mulheres. Ao restringir as minhas leituras, eu estava, na verdade a procurar aumentar os meus horizontes literários. Queria conhecer novas autoras, autoras de períodos em que não seria fácil para as mulheres serem escritoras, queria ler autoras que sempre conheci e nunca li, e descobrir autoras completamente desconhecidas.
No que respeita a leituras, 2016 foi o melhor ano que já tive. Não se trata de qualidade (real ou percepcionada) de livros lidos ou da quantidade de livros que li, mas do prazer de ler estes livros, da motivação em ler mais (da autora cujo livro terminara, de um outro para o qual ela remetia, ou sobre o tema que desejava continuar a explorar).
Depois de um ano a ler mulheres, não vos sei dizer se existe uma literatura ou voz feminina, mas sei nunca encontrei o feminino como o encontrei nas Novas cartas portuguesas (Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta, Maria Velho da Costa). Na verdade, pergunto-me como foi possível só descobrir este livro e estas autoras aos 40 anos.
De entre a ficção em língua estrangeira tenho de destacar o deslumbre que foi descobrir a triologia Gilead de Marilynne Robinson. Na verdade, ainda me falta um dos livros, mas lá chegarei.
Outra leitura, que foi sem dúvida um ponto alto do meu ano literário, foi A de Açor (Helen Macdonald). Tivesse eu as palavras... Magnífico, envolvente, melancólico, avassalador,...
Em 2016 rendi-me à saga Harry Potter. Li-a TODA! Foi muito divertido, não me lembro da última vez que li fantasia ou uma saga, para ser honesta. Foi fantástico partilhar Harry Potter com as leitoras mais jovens e partilhar o entusiasmo delas.
E por falar em Saga, finalmente consegui ler alguns volumes da hiper badalada novela gráfica. Se mais tivesse à mão, mais teria lido. Adorei!!!
Foi também em 2016 que comecei a reler Agatha Christie, sempre uma leitura de conforto porque nunca desilude.
Uma outra descoberta foi o quanto estou a gostar de ler não ficção. Tinha como objectivo de me tornar uma mais esclarecida cidadã do mundo, mas não esperava encontrar leituras tão diversas como interessantes (e viciantes). Destacaria:
- A sexta extinção, Elizabeth Kolbert
- Vítimas de Salazar, Irene Pimentel e outros
- Viver pela liberdade, Maria Antónia Palla
- Portuguesas com história, Anabela Natário (vários volumes na minha estante, que comecei a ler)
- História do Porto (vários volumes na minha estante, que comecei a ler)
Finalmente, a releitura de Jane Eyre, de Charlotte Brontë, uma obra que revisito de tempos a tempos. É magnífico.
Há tanto mundo nos livros!
E mostrou-lhe a casa da lenha onde dormia um gato.
Os livros infantis de Sophia de Mello Breyner Andresen estão particularmente ligados à quinta dos seus avós, hoje Jardim Botânico do Porto.
A minha foto preferida, de uma visita ao espaço é da porta da “casa do gato”. Esta casa não era da lenha, mas o armazém da horta da quinta. O buraco na porta era para os gatos entrassem e impedissem os ratos de comer os alimentos armazenados.
- E achas que o meu amigo vai ter muitos presentes?
- Qual amigo? - disse a cozinheira.
- O Manuel.
- O Manuel não. Não vai ter presentes nenhuns.
- Não vai ter presentes nenhuns?
- Não. - disse a Gertrudes abanando a cabeça.
- Mas porquê, Gertrudes?
- Porque é pobre. Os pobres não têm presentes.
- Isso não pode ser, Gertrudes.
- Mas é assim mesmo - disse a Gertrudes fechando a tampa do forno.
Joana ficou parada no meio da cozinha. Tinha compreendido que era "assim mesmo".
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