Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
Celebro sempre o 25 de Abril com esperança. Renovo-a. Tento.
De entre os meus objectivos: ler mulheres e ler da minha estante, decidi recolher os livros que traduzissem liberdade ou a falta dela.
Melhor dizendo, a minha liberdade manifesta-se na possibilidade de ler estes livros - há quem não a tenha.
Vítimas de Salazar - Estado Novo e Violência Política
João Madeira, Coordenador - Irene F. Pimentel, Luís Farinha
A história recente da ditadura portuguesa está tão mal tratada que é uma verdadeira ofensa para as suas vítimas. É um branquear daquilo porque passaram. Quando ouço "no tempo de Salazar..." começo a ver vermelho; os argumentos são ignorantes e mentirosos, mas ignorantes e mentirosos não são muito permeáveis à verdade e à justiça, só conhecem a teimosia de terem razão.
Mas este livro não é apenas de história. Quando ouvimos a defesa da tortura no combate ao terrorismo, sabemos que a história se repete e os argumentos são os mesmos que Salazar adoptou:
ao serviço da qual - "isto é: a ordem, do interesse comum e da justiça para todos" - se podia e devia "usar a força, que realizava, neste caso, a legítima defesa da Pátria"
Há várias linhas que separam a humanidade da desumanidade e a tortura é uma delas.
O Cônsul Desobediente
Sónia Louro
Romance histórico sobre a vida de Aristide Sousa Mendes, um herói português que ousou desafiar Salazar para salvar a vida de 30 000 refugiados. Um exemplo da essência da humanidade.
A jóia de Medina
Sherry Jones
Romance histórico sobre A’isha, uma das mulheres do profeta Maomé. Um livro que a Porto Editora desistiu de publicar. O argumento utilizado foi a pobreza literária, mas acredito (até porque, o confronto com o catálogo da Porto Editora o prova) que a realidade estará mais próxima das ameaças por fundamentalistas islâmicos, que levaram a que a Random House decidisse não o publicar. Sim, a mesma Random House que viria a enriquecer com as Cinquenta Sombras de Grey.
Argumenta-se ainda que o romance histórico não reproduz fielmente a Arábia pré-islamita. Romances históricos com erros de história? Blasfémia!
Por tudo isto, assim que a Casa das Letras/Leya teve a coragem de o publicar, eu comprei-o. Como ponto de honra.
Harry Potter e a Pedra Filosofal
Não imaginariam que este livro estivesse neste molhe, pois não? Mas a verdade se trata de um livro, que grupos religiosos, nos EUA, tentaram banir. O argumento é que incitaria crianças à prática de magia, paganismo, etc. A tentação para dizer "aqueles americanos são todos doidos" é muita. E deixei-me levar por ela até saber que estão a ser celebradas missas em aulas de escolas públicas portuguesas.
Impor uma religião é um traço característico de ditaduras e a complacência com os seus primeiros sinais não é de todo aconselhável.
Eu leio livros infanto-juvenis. Menos do que desejaria.
Para mim, é especialmente interessante ler os livros infanto-juvenis de autores que leio noutros géneros.
Por outro lado, há clássicos que nunca li durante a juventude e que não quero deixar de ler. Por exemplo, até muito recentemente, nunca tinha lido a Alice no País das Maravilhas e nem sabia que habia uma sequela (Alice do outro lado do espelho). Sou da geração do Dartacão mas nunca li Os Três Mosqueteiros. A lista é longa.
Para 2016 tenho já planeada a leitura da saga de Harry Potter (pelo menos os primeiros volumes).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.