1º Dia Mundial da Língua Portuguesa (UNESCO)
O dia 5 de Maio passará a ser celebrado como o Dia Mundial da Língua Portuguesa (UNESCO) que, segundo a Wikipédia é a 5ª língua nativa mais falada em todo o mundo.
Infelizmente, também assim é por consequência do nosso (triste) passado colonial. Vamos percorrer o mundo?
Angola:
Estação das Chuvas de José Eduardo Agualusa é "uma biografia romanceada de Lídia Carmo Ferreira, poetisa e historiadora angolana, misteriosamente desaparecida em Luana em 1992".
Além do português, há palavras como quicombo (uma espécie de madeira), xitaca (pequena quinta), retinta, cuamatas...
Cabo Verde:
Os flagelados do vento leste de Manuel Lopes, não é uma leitura fácil. Um dos motivos é precisamente a língua, nomeadamente o crioulo cabo-verdiano que nos obriga a alguma agilidade mental. Mas essencialmente pela dramática temática - a fome, de quem vive dependente dos elementos naturais, para a sua sobrevivência.
Lembrou-me, frequentemente, de O Quinze de Rachel de Queiróz. Infelizmente, a fome e a pobreza são elementos universais.
Guiné-Bissau:
Entre o ser e o mar, de Odete Costa Semedo é um pequeno livro de poesia que tem a particularidade de ser um livro em edição bilingue: português e kriol (crioulo de Guiné-Bissau). Tal, justificado pela própria autora, que se considera "pertencente às duas culturas".
Moçambique:
Balada de Amor ao Vento de Paulina Chiziane é a história do amor entre Sarnau e Muwando, desde a juventude de ambos até à velhice, retratando a sua paixão, (in)constância e sofrimento.
Todo o livro é também evocativo de um Moçambique que é feito de natureza, tradição e feitiçaria.
Balada de Amor ao Vento é considerado o primeiro romance literário publicado por uma mulher em Moçambique.
São Tomé e Príncipe
Olinda Beja, é uma autora que ainda não li, mas que está na minha lista de autoras a conhecer. Aliás, julgo que nunca li autores de São Tomé e Príncipe.
Aceitam-se recomendações.
Brasil:
Capitães da Areia, de Jorge Amado é um leque de personagens inesquecíveis. Aliás, é Jorge Amado é absolutamente perfeito na construção de personagens. Na verdade, consegue de forma exemplar construir cada uma das personagens individuais, assim como a que é o seu colectivo "os capitães da areia".
É um livro violento e cru sobre a marginalidade infantil.
Por vezes custa ver um certo romancear da violência, da pobreza e até da violação de mulheres, mas confesso que me chocou muito mais a forma como descreveu a ausência do amor.
É também a minha tentativa de não voltar a recomendar O Quinze, de Rachel de Queiroz.
Portugal:
As novas cartas portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (as três Marias) é um incontornável, na minha lista de recomendações.
Não é um livro fácil e deve ser precedido da leitura das Cartas Portuguesas de Soror Mariana Alcoforado.
Nas "novas cartas", as referências às 5 cartas da Soror Mariana são frequentes e absolutamente maravilhosas. A obra mistura prosa epistolar, poesia e algo mais.
É uma sublime obra que parece estar muito (tristemente) esquecida.
Uma curiosidade: o termo Três Marias aplica-se a muito mais que o vinho, de figuras bíblicas a constelações. É também o nome de uma obra de Rachel de Queiroz.
Timor Leste:
Julgo nunca ter lido um/a autor/a timorense.
Porém, tenho alguns na minha TBR, nomeadamente Luis Cardoso e em especial o Crónica de uma travessia – A época do ai-dik-funam.